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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Verão x Trabalhador

Um dia tem tudo para ser bom ou ruim e não é você quem vai decidir isso, pode até tentar contar até dez depois de alguma coisa que lhe irritou ou deixou desconfortável, mas a probabilidade de não dar certo é grande.

E as coisas podem piorar se for um dia daqueles com muito calor, clima abafado, seu corpo suado sem muito esforço e ainda precisar vestir o uniforme do costume social; calça, camisa e sapato, andar na rua com aquela sensação de estar num grande caldeirão, até pegar o ônibus, que na maioria não tem ar condicionado, a situação aperta minha gente. Seu rosto quente pinga suor, seu perfume desaparece em meios ha tantos outros cheiros dentro do coletivo amarrotado, os ferros de apoio melados não lhe dão outra alternativa, o que fazer? Rezar para que chegue logo seu destino.

Nessas horas o sujeito só consegue pensar em três coisas: Água gelada, Ar condicionado e que não entre um funkeiro com o "radinho". Já não é tormento demais estar de pé e vem aquela senhora gorda passando e você ter que se jogar sobre a pessoa sentada, roçando sem intenção nenhuma suas partes baixas na pobre pessoa. "O que vai pensar de mim?". Não esqueça do "Foda-se" ou "não tenho culpa", para as mulheres é mais complicado, claro, tendo que se jogar no cidadão, o que ele pensaria dela? Nada, e sim "com ela". Triste história.

Não perca tempo achando que ao descer desse coletivo se livrará das mazelas do dia, não desmorone ao chão quando a carga dos raios solares baterem em sua cabeça, calma chegará ao seu destino, não diga boa tarde ao Gari que lhe cumprimenta, balance apenas a cabeça como gesto de simpatia, se esconda na sombra do semáforo e reze para que logo ele feche.

Não acenda aquele cigarro, não quer trabalhar enzimado por um tabaco, espere o café da tarde.
Finalmente ao chegar ao hall do seu luxuoso trabalho que possui um ar condicionado, tentará esquecer tudo o que passou e fazer do seu dia o melhor, mas lembrará que ainda não acabou depois de entrar no elevador. O elevador é um espaço social mais apertado e desconfortável que existe e com sempre os mesmos assuntos: futebol, clima, novela ou fofoca.

Não se prenda a marcar presença na sua sala assim que chegar, lembre-se que há um filtro de água gelada na copa, corra até lá e se delicie com o líquido que pode fazer do seu dia um dia melhor.

Pronto agora você começa a ser um ser mais confortável pronto para decidir se será um bom ou péssimo dia, para isso amigos e amigas, não abra o site Globo.com de cara, ele lhe fará mal, pois sempre tem uma foto de alguma celebridade pegando um sol na praia e uma tragédia na coluna de notícias. Não há nada pior que isso.

Concentre-se no ar condicionado e lembre-se que terá de seis a oito horas com ele, seu grande companheiro de verão.

Então como será seu dia ?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma bela, três amigos e uma moça

Crônica


Numa mesa de bar a noite numa praça movimentada senta-se a nossa mesa um sujeito cabeludo, sujeito amigo como de longas datas, no fundo sem se esperar mais sussurrava um samba.
Em prosa discutíamos o estado decadente da qualidade da televisão brasileira, uma prosa boa e interessante.
Um sujeito amigo, uma doce e bela namorada e agora um leve gordinho engraçado, sujeito camarada que tem como grande paixão o samba.
Como se já não fosse demais, eu, homem apaixonado e fora de forma, porém de rosto másculo e pintoso percebo da mesa vizinha um olhar feminino que chamara a atenção, logo penso se não seria eu que como um bom aprendiz de gordo, "que gordisse cometi"?
Nada mais que justo senhor.
Não eram minhas gordisses, era apenas a singela beleza de um casal que chamara a atenção de uma moça loura de olhar leve, ela desejava que sua solidão e carência se transformassem um dia naquela cena.
Não nego que por um momento achei que meu rosto másculo e pintoso fosse o motivo dos olhares.
Ah se houvesse um sambista moderno que soubesse traduzir o que elas, damas encalhadas sentem.
Damas honestas de bom timbre, formosuras e simpatias gratuitas ou até algumas de tantos maus tratos, raivosas com medo do futuro.
Damas que esquecidas são vistas como possibilidades, mas que na verdade gostariam de ser vistas como o capítulo final de uma história avassaladora.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Ser e não ser

Ser e não ser



Não escrevo tampouco soletro

Meu diagrama não chega a estrofes

Ora se não serei escritor poderei ser Matemático

Mas de matemática também nada sei

Para músico é preciso dom e talento

Se dom eu tenho ainda não descobri

Talento descartei depois de arrebentar a corda da viola

E se talvez deus sem inspiração me jogou no mundo?

Se pra morrer fosse preciso ter profissão, eu seria um ancião

De escritor a artista de matemático a piloto

Desista.

Se ditado valesse a pena seguir, seria eu um poeta.

“Quem canta seus males espanta.”

“Quem rir por ultimo ri melhor.”

“Os últimos serão os primeiros.”

Seria eu então um ditador?

Pode até ser,

Mas agora chega, pois

“Quem não chora não mama.”



Ainda sem Título, Talvez "Sofia"


Este é um conto que comecei a escrever mas parei pois achei que não estava bom e por isso não consegui manter o diálogo.
Então uns amigos do facebook deram a ideia de postar e colher ajuda para o desarranjo desse Romance.

Comente sua opinião é importante!



Nenhum homem daquele bar iria rejeitar um olhar a uma mulher como Sofia, uma beleza rude com traços deliciados e volumes bem ousados, seus cabelos castanhos escuros compridos bem feitos deixava rastros de invejas pelas mulheres, os homens caiam-se com o cheiro de sua colônia, seu olhar castanho não desmentia a mulher de personalidade que era Sofia.
Mas sua beleza e vaidade escondiam a mulher sensível de comportamentos e pensamentos maduros, uma jóia rara de nenhuma vulgaridade, filha de comerciantes era como dito um diamante, morava sozinha em um apartamento na Glória, uma jornalista empenhada que além dos encontros com os amigos no bar na sexta-feira não dividia seu tempo com a boemia carioca.

A caminho do “charmoso bairro da Glória”, nos apertados bondes cariocas às dezoito horas da noite Sofia concentrada na leitura de um livro deixa escapar um pensamento alto.

- Já começamos o egoísmo e ignorância no iluminismo.

- Talvez haja razões para o homem se justificar das suas ações.

Sofia nunca ouvira aquela voz que via ao pé dos seus ouvidos, em um leve giro ela olha para trás pergunta ao jovem rapaz.

- Como?

Sem graça, porém confiante o rapaz não hesita a responder a bela moça.

- sem crença não há fé, sem propósito não há motivação, precisamos de uma sociedade motivada e controlada pela crença, mas que acima de tudo tenha liberdade. Não vejo egoísmo muito menos ignorância, senhorita.

Talvez fosse a hora de pedir desculpas por se intrometer na leitura da senhorita, mas o rapaz encorajado, continuou.

- Bartholdy, Francisco Bartholdy.

- Sofia.
Francisco Bartholdy, um jovem advogado charmoso sem muitas ambições que morava com os pais, portugueses que residiam na zona sul carioca, ao contrario de Sofia o jovem Bartholdy gostava da boemia carioca, freqüentador de cafés e samba na Lapa.
Sofia ignorando o rapaz intrometido e abusado, virou-se e voltou a se concentrar em sua leitura.

- Montesquieu? É entendo seu ar de revolta.

Sofia ainda sem dar atenção ao rapaz que começara a ficar sem jeito por estarem todos os viajantes o olhando, continua lendo, porém sem qualquer atenção ao que lera, não era por menos, sofria uma abordagem direta e inesperada de alguém que nunca havia ouvido falar.
Desceu em seu ponto e até chegar em casa não admitia tanta ousadia, mas logo não passou de um acontecimento esquecido depois que viu “lupo”, seu gato de estimação por quem doava todo seu carinho.

Semanas se passaram até que numa sexta-feira de um quente verão num bar de samba na Lapa, com os amigos de trabalho que contavam estórias e “papos furados” Sofia esbarra e deixa cair seu copo de Martini, molhada e enfurecida a jovem jornalista ao olhar o desastrado que derrubara seu Martini, Sofia lembrando daquele rosto jovem e bonito ameaça a reclamar, mas convencida de que o melhor seria virar-se e ignorando o acontecido voltar a mesa. Bufando suavemente dar-lhe as costas retornando a sua mesa, logo o rapaz a indaga.

- A iluminista revoltada?
Sem perder a educação e cordialidade, Sofia responde com ar áspero e desanimado.

- Não.

- Desculpe se pareci invasivo, não foi minha intenção, mas como pedido de desculpas pela invasão e pelo Martini peço que aceite que lhe pague uma bebida.

Por mais dura que quisesse ser ou demonstrar Sofia não poderia recusar a cordialidade do jovem. Bartholdy se juntou a mesa de Sofia e seus amigos e vê a chance de começar do zero aquilo que pra ela tinha começado com desastre.
Conversavam sobre suas profissões e claro o desfeche do assunto no bonde, Sofia ainda fechada aos encantos do rapaz não lhe dava sorrisos, mesmo com as boas piadas do jovem que faziam todos da mesa rir e afirmar.

- Onde escondia esse seu amigo Sofia?
Sofia não tinha o que responder já que nem ela mesma conhecia o jovem rapaz que encantara seus amigos.