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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Tempo, sujeito predicado.

Há dias quero escrever e hoje resolvi gastar os dedos. Esse texto foi escrito rápido e os personagens e diálogos também.
Não terminei o texto deixei um "continua" pois só iriei continuar se vocês acharem que devo, que gostaram... Espero o feedback e opiniões de vocês.
Valeu!



Tempo, sujeito predicado.


- E se o mundo que é mundo não fosse o mundo que achamos que é? Se o céu que vê não passa da ilusão que apenas lhe é mostrada? Como pode se conformar com o que é lhe mostrado? Chega!
Sai esbravejando de uma galeria de águas um homem barbudo de pele branca e suja usando sapatos rasgados e roupas velhas.
Já não são mais que meia noite e este homem esbarra em um casal que caminhava pela calçada de uma rua pouco movimentada.
- Quem são vocês? Esbraveja.
O casal muito assustado não interrompe sua caminhada.
- Não cansam de ser aquilo que não são? Sujos! Mal-lavados!
O homem indignado acusava o casal sem ao menos conhecê-los.
A noite caia e o homem não parava de perambular pelas ruas da cidade, de esquina em esquina olhava ele para os lados e para o alto como se algo estivesse para chegar, o homem não esboçava expressão de fome ou cede, apenas caminhava, até esbarrar num homem de aparência madura que fumava um cigarro encostado em um poste. O homem vestia um chapéu charmoso e com uma expressão calma, olha para sujeito rasgado e imundo.
- Boa Noite!
Seguro e direto o cumprimenta.
Com uma reação de espanto o homem sujo o olha e se aproxima com olhar de curiosidade...
em seguida calmamente exclama.
Como pode!
- Não se espanta com o que está acontecendo? Pergunta o homem sujo.
Sem entender o homem fumando retruca com voz serena.
- Se tento entender me perco e tenho que voltar ao início.
- Não sente medo de escorar no tempo? Pergunta o homem sujo.
- Pra que ter medo? O que me fará o tempo?
- Não me pronunciarei quanto a tua revolta contra o tempo! Indignado acusa o homem sujo.
- Não me preocupo com o tempo e também não me escoro nele. Do que está falando? O que faz você achar que está do lado do tempo?
O homem sujo revoltado se afasta e grita.
- O que o tempo me deu não foi suficiente para descobrir para que vim, não consegui ao menos cumprir aquilo que foi designado.
Não se espantava o homem com a reação louca e as palavras confusas que ouvia, mas estranhamente o encorajava a pensar sobre o que aquele homem de aparência pouco comum lhe dizia, não o conhecia nem mesmo tivesse visto antes daquele episódio.
Seguiu para um degrau e se sentou o homem sujo, virando em sua direção o homem acendia mais um cigarro e perguntava.
- Seria você um fugitivo do tempo? Ou eu um louco desvarrido?
- Que louco? Não há loucos nos dias de hoje, há vitimas de um sistema letal! Não sou e não serei fugitivo do tempo, o tempo não costuma voltar atrás.
O homem tragando seu cigarro esboça retrucar, mas desiste e assopra a fumaça para o alto.
Sem perder a palavra o homem sentado continua.
- O tempo perde o controle de sí mesmo, não dando chance a sí mesmo e por esse egoísmo perdi meu tempo.
Caminhando em círculos o homem olha para o chão, seu cigarro entre os dedos da mão direita que num gesto rápido aponta-a para o sujeito sentado.
- E se pedisse a ele mais tempo? Mostrasse quem é?
Ele continua.
- O tempo não deve ser tão ruim assim, não enrole, mas também não improvise, de-lhe a chance de se arrepender.
Largado no degrau o homem sujo responde.
- Você é louco?
O silêncio permanece entre eles por pouco tempo até que, o cigarro é lançado ao chão e numa reação de atitude o homem de chapéu exclama.
- Disse que me escoro no tempo. Talvez já tenha mostrado ao tempo quem sou e ele tenha gostado. Mas e se por outro lado ele tenha me deixado pra depois?
Continua dizendo.
- Louco? Se me chama de louco quer dizer que sou vitima de um sistema letal?
Sem questionar o homem se levanta e coçando a barba vai em direção ao sujeito de chapéu, chegando bem próximo a ele o homem inspira forte e depois diz.
- Vem, vamos ver se achamos o tempo.
Num gesto corajoso o homem ajeita seu charmoso chapéu, olha para o homem de pele suja em seguida olha para frente, um caminho que se perdia na escuridão.
- Vamos.


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