Páginas

terça-feira, 8 de junho de 2010

UPP Pra quem?


Quando dizemos "Agente não quer só comida. Agente quer comida diversão e arte."
Neste caso quem é o "Agente"?
"Agente" é Madona?
"Agente" é Alicia Keys?
"Agente" é Hugh Jackson?
"Agente" é o morador da Zona Sul?
Creio que este trecho ou melhor a musica não se refere àqueles como as Celebridades e Classe A. Temos um problema real, a diferença social neste país, sim temos esta realidade. Não é dando um "cala a boca" nem mesmo lesando como ja é de costume, como uma "educação" que não é "educada", a "saúde" que não é saúdavel, assim como uma cultura que não é para todos. Como diz aquela famosa frase, "Povo sem educação e cultura é povo mais facíl de manipular."
Neste longo discurso, quero abordar o assunto UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), programa de segurança pública que vem sendo implantado nas favelas do Rio de Janeiro.
Venho refletindo sobre este assunto de forma crítica e recentemente lí em numa revista (Revista JANEIRO n°01 maio de 2010) uma matéria sobre a UPP, o título da matéria é: "UPP os novos Belvederes cariocas".
Minha crítica é sobre a tal circunstâncias e propósitos das UPPs nos morros, não acredito que seja o melhor para a comunidade visto que são implantadas sem que haja outros serviços públicos na comunidade, antes de continuar é interessante fazer uma comparação dos poderes:
Com as UPPs instaladas nos morros, seria um poder substituindo o outro, cuja as únicas diferenças seriam a legalidade do Estado e a não comercialização de drogas, ah, claro a farda, pois como moradores de comunidades onde há UPPs instaladas relatam que a atuação da Polícia é de imposição de ordem, como horário de uso de campos de futebol, dos espaço público de lazer, entre outros. Então, nos perguntamos, Impor ? Quem é quem nessa estória?
A unidade muda aquilo que ja é de costume e prática dos moradores, é o Estado tendo o controle das favelas e dos "favelados" e transformando essas áreas em empreendimento turístico, levando a imagem de que será bom para a comunidade.
Será bom para comunidade??
Vejamos conforme a matéria publicada na revista "Janeiro n°01 Maio 2010", informando os "novos pontos turístico da cidade".

"Se Alguns desses moradores desconfiam da presença de policiais armados, outros já tratam de dar aquela garibada na birosca para receber cariocas do asfalto e turistas dispostos a confraternizar com a comunidade."

"A revista Janeiro destaca programas que podem ser feitos em quatro favelas pacificadas. Algo bem diferente dos "safáris" em jipes na rocinha."

"Santa Marta - [...]Contempla-se uma bela vista das praias de Copacabana e de Ipanema, bem como a Lagoa. Há a opção do plano inclinado gratuito, de 6:30 à 0h."

"Babilônia e Chapéu Mangueira - É possível fazer uma trilha [...] Reportagem recente também destacou as aulas de samba e percussão, bem como as feiras de artesanato."

"Cantagalo - Ausência do trafico trouxe do volta os escaladores, que fazem das rochas um parque de diversões. A vista que desfrutam da pedra poderá ser compartilhada por cariocas e turistas a partir de junho, quando o Governo do Estado espera inaugura o elevador panorâmico de 64 metros. [...] lá haverá um mirante para que se possa apreciar a vista a da Praia de Ipanema e do morro Dois Irmãos.

"Morro da providência - A idéia é transformar moradores em guia turísticos e atrair para a favela mais antiga do Brasil turistas que desembarcam nos transatlânticos na Zona Portuária."

Não sei vocês, mas chego a me sentir mal ao ler isso. Um único interesse do Estado. TURISMO, não está preocupado com a comunidade, não coloca em primeiro lugar o interesse social da favela mas, ao mais novo ramo turístico da cidade.

Só uma intervenção de Segurança Pública em comunidades como a favela não gera mudança, não gera mudança social.
É preciso atuação conjunta de outros serviços públicos, como também sociais, como: Hospitais, Escolas, Centro Culturais, etc.
Não vejo nesse programa um plano de mudança verdadeira a não ser o fato da retomada do poder e controle dessas áreas para serem pontos turísticos, como já dito e também para aumentar a segurança dos turistas que viriam para os próximos eventos esportivos na cidade.
Na revista há um trecho em que comenta, "Estima-se que 30% dos moradores de favelas cariocas sejam beneficiados [...] Entre ações de aproximação com os moradores estão aula de música e capoeira."
Ta brincando né?
Primeiro, me pergunto em que tipo de "benefício" estaríamos falando? Segurança? Emprego? Valorização da área? Educação? Aumento da economia do comércio local?
Na favela há moradores que trabalham nos centro, zona sul, pessoas que movem a econômia da cidade em muitos "%" ao dia, pessoas que não tem sua fonte de renda dentro da favela. São na maioria empregados domésticos, rodoviários, vendedores, zeladores, bombeiros, maquinistas, garis, guarda de trânsito, enfim se o "favelado" resolver não trabalhar, a cidade pára.
Comparando o nível de benefícios para turistas e com os "possíveis" benefícios para comunidade. Quem sai levando mais benefícios? Quem sai ganhando?
Não da pra ter um programa de política assim sem questionar e atuar de forma correta, o problema da habitação, segurança,saúde é real no Rio de Janeiro mas acredito que não é com a UPP que vamos resolver, pelo menos não só com ela.

O que vocês acham?
É um assunto que eu gostaria de discutir, que levantasse uma discução para amadurecermos mais essa crítica, surgindo outras críticas, né?



3 comentários:

  1. primeiro: vc que escreveu isso? fascinante, sério mesmo, você conseguiu ver a esssencia da " coisa"!
    Seguindo, não posso ver a as palavras, social, favela, estado na mesma frase que chega me dar um "comichão " por dentro....hahahahaha
    O que mais me bota em duvida é o adjetivo: pacificadora..pacificar quem? de que? pra que?
    Juro que n entendo. Na verdade a palavra é bonitinha de se falar e os leigos aceitam melhor, do que unidade de policia do abate, ou unidade de policia controladora...
    temos que dar nomes aos bois.
    E em primeira instancia, o foco é calar o povo, esconder o pobre, a corja....porque é feio, afasta o turismo, envergonha...Vão todos para a merda! Como diz um amigo meu: tudo HIPOCRISIA....rs
    Não me venham de programas disso, campanhas daquilo, resolvam o problema. A redistribuição de rendas pra população, libertem a mente do trabalho alienado, exerçam o poder legislativo em sua virtude total...
    ah fiquei muito revoltada com essa materia ai. Isso não para nunca! Desigualdade do cacete...Democracia? Conflito. abertura, rotatividade do poder? aonde? A burguesia é que manda e o AGENTE obedece.

    ResponderExcluir
  2. "Polícia controladora"
    "calar a boca do povo"
    "esconder o pobre"
    Boas essas suas frases, pois é exatamente o que é, e o que eu quis dizer também. Vejamos, Polícia controladora, sim, neste caso.
    calar a boca do povo, sim. "Pobre" fica contente com bancada de peça de roupas intimas em promoção, imagina com um Elevador panorâmico.
    Esconder o Pobre. Viu o caso que postei sobre o muro tapando a favela da Maré?
    A favela faz parte da realidade.
    Direito a Cidade!

    ResponderExcluir
  3. Vi esse comentario seu do muro sim, por isso mesmo que eu falei disso.Claro que a favela faz parte da realidade, na verdade se tem algo real na sociedade é a favela e tudo a que envolve!
    Não só direito a Cidade, direito ao cidadão, tornar o pobre parte do todo, parteda cidadania,. Direito a voz do povo!

    ResponderExcluir